Durante o primeiro semestre letivo
de 2005, os alunos do 7º Semestre do Curso de Jornalismo, do
Isca Faculdades, realizaram importante trabalho na disciplina Realidade
Regional, englobando extensa pesquisa de indicadores sócio
econômicos com o objetivo de comparar a realidade vivida por
diferentes regiões do estado de São Paulo.
Utilizando-se da internet e visitando o site da Fundação
Seade (www.seade.org.br)
os alunos tiveram a oportunidade de aprender não apenas a coletar
dados, mas também como trata-los, interpreta-los e compara-los.
E é justamente na comparação de dados tratados
que emergem as diferenças entre a realidade de Limeira e de
outras cidades.
O estudo teve como foco as micro regiões de Limeira, Ribeirão
Preto, S. José do Rio Preto e Marília, baseando-se em
uma coletânea de 22 indicadores que, após tratados pelos
alunos, lhes permitiram a compreensão da situação
das cidades analisadas em termos de desenvolvimento humano, social
e econômico, durante o período 2000 / 2004.
O estudo mostrou, por exemplo, que Limeira está bem posicionada
no que concerne mortalidade infantil, atingindo, neste indicador,
a melhor posição dentre as quatro áreas analisadas.
Todavia, infelizmente, este foi praticamente o único indicador
da cidade com posição melhor que as demais, pois em
diversos outros tópicos, como índice de desenvolvimento
humano, número de médicos por habitantes e consumo de
energia elétrica residencial per-capta, a cidade ficou em terceiro
ou quarto lugar, quando comparada com as demais, o que nos permite
arriscar algumas conclusões.
A tabela abaixo traz alguns dos indicadores pesquisados, em um dos
anos compreendidos entre 2000 e 2004:
Fonte: www.seade.org.br
- * por mil nascidos vivos / ** por 100 mil habs. / *** Mwh / hab.
Observando-se os indicadores acima podemos notar que as cidades cuja
geração de empregos está, principalmente, concentrada
em serviços, casos de Ribeirão e de Rio Preto, possuem
um maior número de médicos por habitantes e uma melhor
posição no IDHm, indicando qualidade de vida.
Da mesma forma, pode-se perceber que as mesmas cidades citadas no
parágrafo anterior, demonstram um elevado consumo per capta
de energia elétrica residencial, o que significa que a população
dispõe de renda para a compra de eletrodomésticos, ou
seja, com a economia mais dependente do setor de serviços do
que da indústria, e estando tais serviços baseados em
segmentos com elevado valor agregado, como serviços médicos,
pode-se dizer que há não apenas uma geração
de renda mais elevada, como também uma melhor distribuição
dessa renda, pois a população consome, nos lares, mais
energia elétrica por habitante do que nas demais cidades com
perfil econômico diverso.
Um investidor da área de shopping centers, por exemplo, analisando
os dados acima concluirá que Limeira não é o
melhor lugar para empreendimento do gênero.
Claro está que Limeira tem feito um excelente trabalho na área
da Saúde, também um trabalho razoável em termos
de segurança, e aqui estão nossos cumprimentos aos responsáveis
por estas duas importantes realidades, porém, não podemos
fechar os olhos para o fato de que, economicamente, a cidade tem sofrido,
ao longo dos anos, a carência de um planejamento estratégico
para a atração de investimentos que possibilitem maiores
rendimentos para a população.
Por não haver planejado o seu desenvolvimento econômico,
a cidade hoje tem a grande maioria dos empregos gerados por indústrias
com baixa tecnologia, mão de obra intensiva e que atuam em
mercados predatórios, com valores aviltados tanto para produtos
quando para mão de obra – seria possível um shopping
center ter sucesso em tal ambiente ?
Não estamos propondo aqui que se deva fechar ou desprezar as
empresas que atualmente geram empregos na cidade, mas é óbvio
que a cidade vem enfrentando uma trajetória de empobrecimento,
algumas vezes até, podemos dizer, empobrecimento ilícito,
posto que o grau de informalidade é alto, e não se nota
movimentação das lideranças locais no sentido
de se criar e implantar um plano baseado em técnicas e em ciência,
não apenas na politicagem e no populismo, para atrair investimentos
que gerem melhor renda e, conseqüentemente, melhores condições
de vida.
Finalizando, a coleta dos dados foi realizada pelos alunos do 7º
Semestre da Faculdade de Jornalismo, do ISCA, e a análise foi
feita sob a orientação do Prof. Celso Leite, coordenado
pela Profª. Drª. Adriana Azolino.