Talvez
os leitores que nos honram com a atenção possam se lembrar
de certa vez em que utilizamos este espaço para sugerir um
dicionário do idioma Limeirense, em virtude das alterações
ocorridas no ambiente sócio-econômico da cidade.
Naquele artigo, apenas relembrando, comentávamos que a expressão
“estar no banho,” em Limeira, não significa necessariamente
estar sob o chuveiro ou mergulhado em uma banheira, dado o elevado
comprometimento da cidade com galvanoplastia em bijuterias.
Da mesma forma, um “batizado” pode não ter nada
a ver com recém nascido e religião, já que muitos
“empreendedores” aqui se instalaram para tentar encontrar
novas formas de fazer com que motores funcionem com diferentes compostos
químicos.
Assim, o idioma e as expressões mudam ao longo do tempo, adequando
a maneira de se comunicar ao que ocorre no dia a dia e, por exemplo,
quando uma situação estivesse indefinida, em tempos
passados, se dizia que estava “como pano em boca de vaca –
se puxar, rasga, se soltar, a vaca engole” enquanto que hoje,
para a mesma indefinição, podemos dizer que está
como celular ao volante: “se falar andando, o guarda multa –
se parar, o bandido assalta.”
Desta forma, para adequarmos nossas tradições aos costumes
modernos, propomos aqui algumas alterações nas comemorações
juninas, começando por trocar o santo louvado – em lugar
dos tradicionais S. Pedro, S. João e Sto. Antônio, a
celebração visará S. Dimas – aquele que
morreu na cruz, ao lado de Jesus, e ficou conhecido como “o
bom ladrão”.
Nada do traje caipira, afinal, hoje 80% da população
vive em cidades, portanto, os que cantam, comandando as quadrilhas,
trajarão ternos, como fazem no seu dia a dia, e os que dançam
(nós, o povo), vestidos de palhaços.
Os refrões “olha a cobra” “a ponte quebrou”
e “balanceio” ficam alterados para “olha a mala!”
“o Delúbio pagou!” e “trapaceio”, acrescidos
de “O Jefferson falou” e “o Dirceu caiu!”
Claro está que a cantiga acima se aplica principalmente ao
arraial de Brasília, e para cada cidade poderemos criar nossos
próprios refrões, como por exemplo: “O aeroporto
fechou!” – “Olha a maquete!” e “O prefeito
comprou!”, somados aos “O vereador empregou!” “O
Juiz vetou!” e “Era manicure!” – apenas para
fazer os dançarinos (nós, o povo) irem e voltarem, rodopiando
e balançando conforme o refrão.
Finalmente, completando o traje, em lugar de palha no bolso da camisa,
os cavalheiros trarão o título de eleitor.
E por falar nele, no eleitor, cuidado, 2006 se aproxima e o Chapolin
Colorado, assim como Sauron, o Senhor dos Anéis, certamente
aparecerão para querer defender (representar) você no
planalto central.
Dança, povo, dança!